Lipedema: Tudo Sobre | O que é | Tratamentos e Mais
27, setembro, 2022
Dr. Wendell Ugueto
Você tem um acúmulo de gordura atípica nas pernas ou braços? Então você pode ter lipedema. Embora esta doença esteja geralmente associada à obesidade ou excesso de peso, na verdade trata-se de uma patologia pouco compreendida, cujas consequências podem ser muito graves se não for diagnosticada e tratada adequadamente.
Por isso, no artigo de hoje iremos explicar um pouco sobre o que é lipedema e como identificar se você tem. Portanto, continue a leitura.
Indice
O que é Lipedema?
O lipedema é uma doença do tecido adiposo caracterizada pela proliferação e inflamação das células do tecido adiposo das extremidades superiores ou inferiores. Isto é, geralmente envolve um acúmulo patológico progressivo de células de gordura nas pernas, embora esse acúmulo também possa ocorrer nos braços. Como consequência, há um aumento de volume que é acompanhado por certos sintomas.
A doença, reconhecida em 2018 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta quase exclusivamente as mulheres e muitas vezes é confundida em seu diagnóstico com outras patologias. Isso causa um desequilíbrio entre as diferentes partes do corpo e, à medida que a condição ganha intensidade, surgem outros sintomas mais pronunciados que reduzem consideravelmente o bem-estar do paciente.
As causas exatas do lipedema não são conhecidas. No entanto, algumas pesquisas sugerem que existe o fator hormonal. Além disso, a genética dá a sua contribuição para o surgimento da doença e a alimentação rica em carboidratos, açúcar e carne vermelha pode agravar o caso.
Qual diferença entre Lipedema e Linfedema?
O lipedema e o linfedema são condições distintas, embora possam apresentar sintomas semelhantes, como o inchaço das pernas.
O lipedema é uma desordem crônica do tecido adiposo, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura, principalmente nas pernas e, em alguns casos, nos braços. Este acúmulo é simétrico e não atinge a região dos pés. O lipedema ocorre quase exclusivamente em mulheres e acredita-se que esteja relacionado a fatores hormonais, como a puberdade, gravidez e menopausa. As células adiposas no lipedema são metabolicamente diferentes das células adiposas normais, sendo extremamente resistentes a intervenções como dieta e exercício físico. Com o avanço da condição, pode ocorrer a deterioração dos vasos linfáticos, levando ao desenvolvimento secundário de linfedema, conhecido como lipolinfedema.
Por outro lado, o linfedema é uma condição onde ocorre uma disfunção ou obstrução do sistema linfático, resultando na acumulação de líquido linfático nos tecidos, levando ao inchaço. O linfedema pode ser primário, devido a malformações congênitas do sistema linfático, ou secundário, causado por danos ou obstruções adquiridas, como cirurgias, infecções ou tratamentos oncológicos. Diferentemente do lipedema, o linfedema frequentemente envolve os pés e pode ser unilateral (afetando apenas um membro).
Diferença do Diagnóstico
Em termos de diagnóstico, enquanto o lipedema é identificado pela distribuição simétrica de gordura e ausência de envolvimento dos pés, o linfedema é reconhecido pela presença de edema que pode envolver os pés e é frequentemente confirmado por exames como linfocintigrafia, que avaliam o funcionamento do sistema linfático. O manejo de ambas as condições também difere: o tratamento do lipedema pode incluir intervenções como terapia de compressão e, em casos avançados, lipoaspiração, enquanto o linfedema é geralmente tratado com drenagem linfática manual, uso de meias de compressão e, em casos severos, intervenções cirúrgicas específicas para restaurar o fluxo linfático.
Portanto, enquanto ambos os distúrbios podem levar a inchaço e desconforto nas pernas, suas causas subjacentes, características clínicas e abordagens terapêuticas são distintas.
Como identificar se você tem lipedema
A principal característica do lipedema é a desproporção entre as pernas ou braços (com grande acúmulo de gordura) e o resto do corpo. Essa diferença é percebida sobretudo nas pernas em relação ao tronco.
As células adiposas doentes das pernas e braços aumentam gradualmente de tamanho, dando origem a uma distribuição específica de gordura. Pouco a pouco, esse aumento do volume das células adiposas devido aos depósitos de gordura leva a um aumento da pressão nos tecidos, dando origem ao sintoma mais característico: a dor.
Nas fases iniciais, essa dor pode ser muito sutil, embora aumente com a progressão da doença. Também é comum encontrar uma tendência à formação de hematomas nas pernas, em muitos casos sem que o paciente se lembre de ter sofrido um trauma nessa região.
Outros sintomas que podem ajudar a identificar se você tem lipedema, são:
- Sensação de peso e dor contínua;
- Episódios súbitos de inflamação;
- A gordura começa a se acumular logo acima dos tornozelos e não abaixo deles;
- Pressão nas panturrilha;
- Coceira constante;
- Maior sensibilidade ao contato;
- Marcas vermelhas, roxas ou azuis;
- Diminuição da elasticidade da pele;
- Hiperpigmentação.
Mas é importante ressaltar que, para saber se o paciente sofre de lipedema, ele deve ser examinado por um especialista nessa patologia. Caso a análise seja positiva, será detectado o estágio da doença em que o paciente se encontra para decidir sobre o tratamento a ser seguido, que pode ser conservador, com medicamentos e uso de meias de compressão, ou cirúrgico por meio de uma lipoaspiração.
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Quais os Tratamentos para Curar Lipedema?
Os tratamentos para lipedema variam conforme a gravidade e o estágio da condição, abrangendo desde abordagens conservadoras até intervenções cirúrgicas mais avançadas.
Nos estágios iniciais, o tratamento conservador é frequentemente recomendado e pode incluir o uso de roupas de compressão, como shorts de compressão ou capris. Essas vestimentas ajudam a melhorar a circulação sanguínea e linfática, reduzindo o desconforto e retardando a progressão do lipedema. Em estágios mais avançados, a Terapia Descongestiva Completa (TDC) torna-se uma opção importante. A TDC engloba a drenagem linfática manual (DLM), que é uma técnica de massagem especializada destinada a estimular o fluxo linfático e reduzir o acúmulo de líquido nos tecidos. Além da DLM, a TDC inclui o uso de bandagens compressivas, exercícios específicos e cuidados com a pele. Embora a TDC possa não resultar em uma redução significativa do volume de tecido adiposo, como ocorre no linfedema, ela é eficaz na gestão do excesso de líquido e na prevenção de complicações adicionais, como o lipolinfedema.
Além das terapias conservadoras, a lipoaspiração assistida por água (WAL) poupadora de linfa representa uma opção cirúrgica para o tratamento do lipedema. Este procedimento utiliza jatos de água para descolar suavemente o tecido adiposo, minimizando o risco de danos aos vasos linfáticos. A WAL pode ser realizada em múltiplas sessões para alcançar uma redução de gordura mais controlada e segura. Embora esta técnica ofereça benefícios significativos, como a melhoria da mobilidade e redução da dor, é crucial que seja realizada por um cirurgião com experiência em lipedema para minimizar o risco de complicações, como a ruptura linfática e subsequente acúmulo de líquido.
Fisioterapia no Tratamento de Lipedema
Outras abordagens terapêuticas que podem complementar o tratamento incluem a fisioterapia, para melhorar a função e mobilidade, e intervenções nutricionais, focadas em uma alimentação equilibrada e anti-inflamatória. A gestão psicológica também é vital, dado o impacto emocional e psicológico significativo que o lipedema pode causar.
Em resumo, o tratamento do lipedema exige uma abordagem multifacetada, combinando terapias conservadoras e, em casos necessários, intervenções cirúrgicas, sempre com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do paciente e retardar a progressão da condição.
Como a doença se desenvolve?
O desenvolvimento do lipedema é um processo complexo que envolve vários fatores genéticos, hormonais e metabólicos. Embora a etiologia exata não seja completamente compreendida, a doença segue um padrão progressivo característico.
Fatores Genéticos e Predisposição
O lipedema tem uma forte componente genética, evidenciada pela alta incidência de casos em famílias. Polimorfismos genéticos específicos podem predispor certos indivíduos a um metabolismo anormal do tecido adiposo. Estudos indicam que mutações em genes relacionados à função linfática e ao metabolismo lipídico podem desempenhar um papel crucial.
Influências Hormonais
Os hormônios sexuais femininos, particularmente o estrogênio, são considerados fatores-chave no desenvolvimento do lipedema. A doença frequentemente se manifesta ou piora durante períodos de mudanças hormonais, como a puberdade, gravidez e menopausa. A influência hormonal pode levar à proliferação e hipertrofia das células adiposas específicas nas extremidades inferiores.
Alterações no Tecido Adiposo
No lipedema, há uma deposição anormal de tecido adiposo subcutâneo, que é resistente à dieta e ao exercício físico. Este tecido adiposo anômalo apresenta uma maior tendência à inflamação e fibrose, o que contribui para a dor e sensibilidade. As células adiposas no lipedema são metabolicamente distintas, com alterações na expressão de enzimas e receptores envolvidos no metabolismo lipídico.
Disfunção Microvascular e Linfática
Com a progressão da doença, a microcirculação nas áreas afetadas pode ser comprometida. Pequenos vasos sanguíneos e linfáticos podem se tornar disfuncionais, resultando em aumento da permeabilidade vascular e extravasamento de fluidos. Esse processo pode levar ao edema intersticial e à formação de micro-hemorragias, exacerbando a inflamação e a dor.
Estágios da Doença
O lipedema é uma condição progressiva que pode ser classificada em diferentes estágios, refletindo a sua evolução ao longo do tempo. No estágio 1, a pele é geralmente lisa, mas há um aumento perceptível do tecido adiposo subcutâneo. Nesta fase inicial, pode-se notar pequenas irregularidades na superfície da pele, como pequenas depressões ou “covinhas”.
À medida que a doença progride para o estágio 2, a pele começa a apresentar um aspecto mais irregular e nodular, devido ao desenvolvimento de fibrose no tecido adiposo. Nesta fase, pequenos nódulos podem ser palpáveis ao toque, indicando uma maior densidade e reorganização do tecido adiposo.
No estágio 3, a deformidade torna-se mais pronunciada. Grandes massas de tecido adiposo fibrosado podem ser observadas, e a pele adquire uma textura grossa e irregular. A fibrose é significativa, e a distribuição do tecido adiposo pode causar desproporções visíveis nas extremidades afetadas.
Finalmente, no estágio 4, pode ocorrer o desenvolvimento de lipolinfedema, uma condição em que a disfunção linfática leva ao acúmulo adicional de líquido intersticial. Esse estágio é caracterizado por um inchaço severo e dor intensificada devido ao comprometimento linfático, exacerbando ainda mais as alterações estruturais no tecido adiposo e na pele.
Complicações e Comorbidades
Se não tratado, o lipedema pode levar a complicações como linfedema secundário (lipolinfedema), problemas de mobilidade e doenças associadas, como a osteoartrite devido ao stress mecânico nas articulações. Além disso, a condição pode ter um impacto psicológico significativo, contribuindo para a ansiedade e depressão.
Consulte um cirurgião plástico experiente!
O diagnóstico e tratamento precoces podem limitar muito os efeitos desta doença e evitar anos de frustração para os pacientes. Por isso, se o médico indicar o tratamento cirúrgico para lipedema, agende uma consulta com o Dr. Wendell Uguetto, cirurgião plástico especializado em lipoaspiração.
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